Os lírios dizem-me tudo.
Evocações escritas a giz
numa ardósia.
Lá fora
a neve semeia-se
esbranquiçando o solo.
Lembro-me:
do negro da ardósia
e do alvo manto de neve.
A ambivalência dos opostos.
Pelo meio
o amarelo dos lírios
estende uma mão
entre os desavindos contrastes.
Que se purificam
através do amarelo dos refrescantes lírios.
A ardósia serve de tábua
onde vertidas são as memórias
da gélida neve repousada ao acaso.
A mesma neve que refugiou os lírios
na invernal hibernação.
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