Ah!
As aspirantes a starlettes
tragando a marginal
uma e outra vez.
Ah!
O ar enfeitado
com os confettis da fama que se sente,
tudo leveza
e as coisas fora daquele quarto
(o mundo em toda a sua pungência)
uma ilusão dentro do seu espartilho.
Ah!
Rapazinhos aos pares
muito apertados nas farpelas
esvoaçam na boulevard
calcada pelos requisitados artistas.
Ah!
Adolescentes em bandos
exercitam a interminável paciência
em metódicas, demoradas esperas
à porta dos pomposos hotéis.
Só para espreitarem uma nesga
(uma nesga que seja, ó simulacro de interior gratificação)
dos deificados artistas dissolvidos
nos vidros estanques da limousine.
Cannes e isto,
os majestosos néons da frivolidade.
(Em Marselha, França)