26.3.11

A mão estendida


A mão estende-se.
Apanha uma próspera candeia
que revolve as cinzas do tempo.
Enxota feiticeiros de negras máscaras.
A mão estendida,
à altura dos mais altos castelos
onde se decantam os ventos glaciais.
Uma quimera furtiva
decreta o amansar dos ventos.
Emoldurados os ventos
(então)
dentro da mão estendida.

25.3.11

Labirintos


As tempestades interiores
desarrumam a lucidez.
Esmagam-se em pensamentos sinuosos,
são um minarete ensurdecedor.
Poluem o horizonte com escuras nuvens
que embaciam os olhos.
E se tais nuvens forem
uma projecção dos labirintos,
mas dos labirintos que o são
apenas mentais?

19.3.11

Torre de Babel


Os fantasmas cercam a noite escura.

Trazem as asas negras

que se deitam sobre o corpo.
Dir-se-ia serem aos magotes

a ajuizar pelo rumor incessante.

E, todavia,
os fantasmas só povoam
se os deixarmos aportar.

17.3.11

O almirante sem medalhas


Nos contrafortes da solidão
doem-se
as palavras consumidas no silêncio.
Espadas que afivelam as feridas abertas,
uma espera demorada.
Romagens inúteis aos campos perecidos
onde sobejam cinzas estéreis.