17.1.12

Red line


As veias fervem na sua combustão.
Em sobressaltos incolores.
A opacidade é a tela que arroteia a lucidez.
O corpo arremete pela escuridão.
Não pede apenas palavras.

10.1.12

Zen às três pancadas


Dizes: um murro no nariz.
Ficas à espera que sangre
o lívido sangue carmim,
avivada a cor da ira
                        acantonada.
Que te desenganes.
Como foi com as lágrimas,
secou-se a fonte das veias
na tangente do seu sopor.
Guarda os punhais afiados
para a sua serventia.
Em vez disso, abraça-me,
enreda-te nos meus braços.

9.1.12

Sinto em mim


A força de um vulcão no limiar da erupção.
As mãos que abraçam os sentidos emancipados.
A respiração, arfante, um módico de êxtase.
A carne já não lívida
um remoinho que se move na sua anárquica forma.
O céu embaciado e, todavia,
penhor dos segredos enfeitiçados.
E uma torrente indeclinável
no dever de ser eu
e esse devir que nunca se destapa
nem se encerra.

1.1.12

2012


Ano das trevas?
Não.
Um vasto campo de flores, fértil.
Olhos arrebatados pela sofreguidão de cada instante.
Afetos fundeados até nas improváveis partidas.
Palavras ditas com encantamento.
Uma simpatia exaustiva.
Mãos dadas em êxtase na fervura dos corpos.
Um imenso mar chão de onde olhares claros levitam.
O ano nascente é do tamanho do mundo.
Um amplexo congraçando o mundo inteiro.
Com sorrisos descomprometidos.
Isto e muito mais, 2012, ano inteiro.
Para devorarmos cada vestígio de oxigénio.
Por todos os dias.

26.12.11

Saudade


And yet
I miss the future.
Days ahead are dreams boiling in thick clouds.
Stormy winds shatter dark clothes from ancient widows.
Promising windows
they cast vivid days to come.
Miss them.
In advance.

11.12.11

O almirante das hesitações


Pressente-se a corda que afogueia a lucidez.
A corda bem apertada torcendo a jugular.
Por dentro do labirinto entretece-se o precipício
onde o corpo se deita.
O precipício de onde sopram ventos aziagos
avisa:
o corpo entrega-se a suicidária pulsão.
O transacto é toda uma lição.
Ao que consta,
desaprendida.