18.3.16

Pétalas de água

Sei-te assim sentida
no sentimento impuro do dia
sentindo que sou sentimento inteiro.

Sentida nos sinais do enamoramento
ao sentir a força egrégia das veias sentidas
sufragando os sentimentos que contam.

No saber do sentir
e no sentimento sabido
congraçando os sentidos abertos
no hastear solene das bandeiras sentidas.

Assim
sentida
sei-te
na inteireza de mim,
opúsculo com páginas preenchidas
e dos sentimentos arvorados
que sentem o que a sentimentos outros
se ausenta.

Sentimento quimera
no amoedado ouro sentidamente colhido
com os rostos belos nossos
penhores dos sentidos em ebulição.


17.3.16

TGV

À pressa toda,
que o tempo foge
e o amanhã pode ser tardio.
Mete a velocidade que fores capaz
apanha nos braços as lições à mercê
não te distraias com o infortúnio do sono
nem te desperdices poltrão.
Não:
não é um arvoamento
nem as cortinas do tempo são efémeras.
És tu
apressado
a tudo apressar,
não para depressa teres no bornal
as proezas que houver por contar,
mas para mais delas poderes tomar sabor.
Conquista o saber da voragem dos minutos:
não para ordenares que o tempo se apresse
mas para passares depressa pelo tempo.
No inventário final
serás imperador invejado,
ou apenas anónima peça da engrenagem
ensimesmando a serventia da pressa toda.
Tanta
que nem conseguiste demorar
um instante
na durabilidade dos momentos
penhores de perenidade.


#11

O fio à meada:
bolorento,
dissolveu-se
nos meus dedos.