9.5.07

As perguntas certas

Não são as respostas
não são as respostas que interessam.
Sim, as perguntas
as perguntas certas
aquelas que desvendam os passos prudentes.
As perguntas que cerceiam lugar
ao altar do conhecimento
(as perguntas fátuas
as do linguajar entontecido
a facúndia barata que espremida nem umas gotas dá)
essas são as perguntas inúteis.
Tempo gasto.
Desnecessariamente gasto.
As perguntas certas libertam o verbo
e aprisionam a verve ilusionista.
Nelas, o travo apetitoso
a esquadria das ervas aromáticas
deitadas na proporção ideal.
Nem de menos, nem de mais.
Senão
as perguntas trazem o sabor insípido
travadas pelas palavras despojadas de ousadia;
Senão
as perguntas florescem adulteradas
atravancadas pelos aromas que se atropelam
sem fio condutor
sem nexo
entretecidas no torpor da vozearia banal.
São difíceis
as perguntas certas.
E tantas são as vezes
convencidos que estamos das perguntas certas
e logo no instante seguinte
o travo amargo da pergunta errada
ou apenas inconsequente.
E se as perguntas certas são importantes:
é como chegados a uma encruzilhada,
sabermos o que perguntar
para onde saber ir.
É nas perguntas certas
a divinal razão dos sentidos.
Não nas respostas
que essas podem
vacilar, debater, divergir.
Sem as perguntas certas
é como se ao mar tivessem levado todo o sal.

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