5.11.07

Aos ecos vadios

Ecos
de tantas cores
esbracejam aos meus ouvidos
o lacrimejar das fadas.

E ecos
distantes, perenes, sombrios
ou apenas ecos
sem serventia de adjectivos
ora trovejam, ora ciciam.
Amaciam os sons estridentes
abafam as palavrosas prédicas
que, espremidas,
gotejam nada.

Ao menos, os ecos
deixam ao ouvinte um imenso mar
para cavalgar;
dão-lhe liberdade:
de os perfumar com um incenso exótico
ou mascará-los com o sal do mar nocturno
enquanto o límpido luar
encerra os demais sons.

Os ecos
recolhem nas suas asas
a plenitude da paisagem.
Reproduzem a sua eterna beleza
dela o bastião que retratos não conseguem fixar.

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