Os barcos no cais
esperam.
A ímpar paciência
embota-se no musgo que se pega ao casco.
E, todavia,
não se impacientam
com as mesmas águas lodaçosas
que os banham na sua constância entediante.
Um dia
serão lançados à fúria do oceano aberto.
Para se saciarem numa qualquer glória
projectada.
E que interessa se esse lampejo é pueril
a uns olhos outros,
se só contam os ensimesmados barcos
no convencimento de um fausto
que só a cada um deles é dado?
(Funchal)
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