Se dessem um minuto,
um minuto apenas,
o que diria?
Num minuto,
que palavras ecoariam os mosaicos por
dentro?
Seriam doces
ou apanágio do pânico
(pois
só haveria um minuto)
ou um vale sedoso de uma vida cheia?
Haveria sequer palavras,
sem a serventia delas se num tão curto
minuto
não seriam serventuárias de resumo algum,
nem prodigiosas ao ponto de terem
merecimento?
Num minuto
não se erguem interrogações.
(A
não ser porquê um minuto apenas
e
se estaria a um minuto do juízo final)
Não haveria traições semânticas
nem trôpegas encenações quiméricas.
Num minuto,
num singelo minuto,
não se encerra nada.
Um minuto é um cárcere.
Ser dele algoz
é a pena pior que um juiz pode decretar.
Num minuto diria nada.
E com tão ruidoso silêncio
diria tudo o que importa.
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