Dá-me
a água doce
que
vive dos poros abertos.
Dá-me
a água dourada
que
prevalece entre as paredes fechadas.
E
eu prometo que te dou
o
sangue inteiro
as
paisagens do mundo
o
colo quente
o
voar de um pássaro
as
mãos cheias de terra perfumada
uns
olhos ávidos de ler o teu mapa
um
corpo cheio à tua espera.
À
tua espera.
Dá-me
toda a água
dos
mares e rios e lagos
a
água fria que aviva o palco sob os pés
a
água quente que termina a hibernação.
A
água que nidifica numa clepsidra
no
oscilar cadenciado dos ponteiros
amanhecendo
luz irrefreável.
A
água onde metemos as mãos
E
desenhamos o mundo.
Dá-me
água.
De
todas as cores
temperada
tingida
crisálida
efervescente.
A
água padrão
a
água centelha
a
água aristocrata
a
água sentada
a
água espelho
a
água nutriente
a
água pendida sobre as nossas cabeças.
Água.
Maresia.
E
mais água.
Água
onde
nadamos de braços enlaçados
onde
boiamos em forma de tálamo
onde
repousamos os beijos sem demora.
Em
ti
quero
a água como fonte fresca
que
é em mim torrente
choque
térmico em semente fulgor.
Água
até
num deserto,
que
a fazemos brotar de nossas mãos
na
quimera de as termos entrelaçadas.