O arco que vai da alvorada ao acaso
entra pela pele sem ser cicatriz
convoca as ondas que se levantam na nortada
e canta os diademas
desenhados pelos dedos incansáveis.
Habilitam-se
os caos embutidos em azulejos diáfanos
mostram-se as coisas pelo seu avesso
proclamam-se as insolências
que são o aval dos párias
e num golpe de asa
antes que o amanhã seja apenas outra véspera
amotina-se o espírito irrefreável
contra as muralhas que se encandeiam pela manhã
quando sobre elas sobe o sol vulcânico
e o corpo dá tudo de si
ao dia anunciado.
Tudo não se incendeia
se não na perecível promessa que se encena
e as farsas continuam a cheirar
o cu do amanhã.