As vidas todas
outra vez.
O nevoeiro em erupção
a manhã sem sentinela
de vez.
O colibri imerso na tarde
subindo às costas do vento
de cada vez.
O troco do oráculo
sem troça das mãos
mal seja a vez.
A meda da fala
desembaraçada do silêncio
sem vez.
O obstinado pesar
culpando o dia de sombras
com vez.
A granada embainhada
e o peso gracioso da cortina puída
à vez.
As flores expropriadas de odor
sobre aviões amortalhados
talvez.
O poema embarcado
empresta sal ao angustiado mar
só desta vez.
A sina que procura orfandade
no vagar do entardecer sincopado
em que seja vez.
O sonho afeiçoado na tempestade
colhendo as pétalas maduras
uma vez.
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