As velas
ardem a angústia
incendeiam os dias por haver.
Exilados
damos as mãos às árvores
e lemos no mar a mare de outrora
o esquecimento armadilhado.
Somos as velas
o mar, os nossos corpos
e deste fogo amamentamos tempestades.
No conhecimento do belo
que não se intimida com as palavras
não fica refém das indulgências
amordaçado nas lágrimas vertigem.
Pelas velas
aquecemos os corpos
no império da noite fria
e no sangue combustível
sermos escultores do dia sem prazo.
Aquecemos as mortalhas que embaciam a nudez.
Aquecemos as estrofes que sobem à boca
e no miradouro da manhã
tecemos as profecias derrotadas
o véu único que nos cobre
e reserva a nudez
para nós.
E nós
com as velas que tremeluzem
sob o saque de um luar colonizador
dizemos ao vinho de que somos feitos
estas armaduras tão frágeis
estilhaços que fortalecem os corpos.
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