15.5.23

Garimpeiro

O arco que vai da alvorada ao acaso

entra pela pele sem ser cicatriz

convoca as ondas que se levantam na nortada

e canta os diademas 

desenhados pelos dedos incansáveis. 

Habilitam-se 

os caos embutidos em azulejos diáfanos

mostram-se as coisas pelo seu avesso

proclamam-se as insolências 

que são o aval dos párias

e num golpe de asa

antes que o amanhã seja apenas outra véspera

amotina-se o espírito irrefreável

contra as muralhas que se encandeiam pela manhã

quando sobre elas sobe o sol vulcânico

e o corpo dá tudo de si 

ao dia anunciado. 

Tudo não se incendeia 

se não na perecível promessa que se encena

e as farsas continuam a cheirar 

o cu do amanhã. 

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