26.5.23

Vozes-sombra

Não são as vozes que ecoam nas veias

capatazes de sismos cardíacos

de lamas que enobrecem a poluição

de bocas património de mau hálito

de granadas conspirativas 

que adormecem no travesseiro

do sangue desabilitado que esmorece

da cabeça que mergulha no chão decrépito.

As vozes

que ecoam nas veias

são o desdobramento da alma

os sucessivos alambiques que destilam estados

e atiram

para a boca de cena

a fragilidade infatigável

o desejo de ser apenas

o mais anónimo desejo 

entre os párias.

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