20.9.05

Dúvida metódica

Sitiado
bem no alto das dúvidas;
no encanto
de as haver.

Em bolandas
de negação em negação
na certeza de que as dúvidas
apimentam a vida.

Tergiversar,
na doce lógica
que empanturra o espírito
dos desafios que se empenham.

Cansar-se-á
da mortificação existencial?
Saberá espaventar fantasmas
que ensombram certezas?

Diluído o suor da exegese
a cicuta é expelida;
revigora-se a sempre jovem cabeça
- a que entroniza juízos espinhosos.

Pudesse esmurrar a teimosia
de duvidar em compasso
com os ponteiros do relógio;
e perderia o encantador fusco que norteia.

Bússola, encandeias caminhos,
quando afinal é deles que foge.
Sempre, sempre
evitar as certezas – o nutriente maior.

Que interessa explicar,
se compensadoras são as interrogações?
Bater as asas para bem longe
da perene, asfixiante convicção.

Labirinto mental
que se tece por entre as esquinas
da vida.
Da complexa desrazão imperadora.

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