Nas veias
a seiva que segredamos.
Um sussurro quente
sílabas todas soletradas
a batida seca das teclas compassadas
de um piano a preto e branco.
No esconderijo
é o lugar dos segredos.
Um couraçado blindado
onde nem as andorinhas pousam.
Um lugar sempre escuro
desconhecido do sol.
Não que os segredos
sejam masmorras dilacerantes;
ou uma apneia dos sentidos
o martírio hipnótico que desorienta;
apenas um refúgio
que só os amantes sabem,
onde as coisas planam na sua intemporalidade.
É lá que os segredos pertencem à cumplicidade.
Descerram a intimidade
e deixam de ser segredos
– menos para os que deles continuam longe.
As palavras balbuciadas a custo
defenestram os torniquetes da alma,
esconjurados os fantasmas de outrora
malévolos vultos que semeavam flagício.
Dos segredos
pelos segredos,
a emancipação altiva
ou a exorcização do passado desconfortável.
Fantasmas já não fantasmas
através do alívio da partilha dos segredos.
O limbo encerrado
com as janelas abertas na comunhão
dos segredos.
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