O regato escorre entre o musgo
planam as águas frias
sob o testemunho das nuvens
onde ecoa o sussurro das águas.
À noite
só sobra o sussurro
o sinal da ténue água
imparável, mas lenta.
São as pedras, imóveis,
que indagam o destino das águas
fugindo pelas fragas
rompendo entre as rochas que as acamam.
As pedras, estáticas,
diante das águas que rumorejam
os dias ausentes
na sua imóvel condição.
Oxalá se movessem
nadassem pelo leito perfurado
andassem com as águas lentas
até um desfiladeiro, ou estuário, aportarem.
Desenganam-se, as pedras
presas à sua imóvel condição
amordaçadas pela raiz inerte
seu esteio inamovível.
Só sonham, presas ao lugar
sonham com viagens fantásticas
levadas ao colo pela água transparente
só para conhecerem destino outro.
Como se, pedras estáticas,
se tornassem gélidos seixos
abraçados ao rumo das águas esquivas
colina abaixo até algures.
O algures em que militam
um lugar qualquer
quebrando monótona impassibilidade
diante dos dias sucessivos.
Nem que seja
para esbarrarem no precipício
onde a cascata se despenha
na espuma da raiva contida.
Ou que seja
para se deitarem no fundo
de um imenso lago
onde as águas, cansadas, repousam.
E que seja
o lugar de outra sepultura
o algures prometido
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