Nas
areias perfumadas a maresia
deposto
um testemunho lacrado
pelo
mar abundante.
Trazia
vidro fumado
corroído
por sabe-se lá quantas ondas
e quantas
marés vigorosas.
As
aves marinhas dele se afastaram
as
de praia grasnavam
como
se em pânico estivessem.
Uns
pescadores benziam-se
e furtavam
os olhos do areal.
Os
pais de umas crianças
advertidas
que ali podia jazer ardil de um demónio
e
as crianças logo compulsivamente afastadas.
Por
quatro dias e quatro luares
a
garrafa náufraga esteve ao relento.
A
areia deposta pela maré alta
já cobria
uma parte da garrafa órfã.
Em
passeio vespertino
um
forasteiro tropeçou na garrafa.
Notou
no pergaminho interior.
Como
não havia pescadores nas imediações
usou
da força das grossas mãos
e
desabotoou a garrafa enigma.
O
pergaminho transfigurou-se em mítica figura.
Não
lhe perguntou por desejos.
Perguntou-lhe
pela curiosidade interior.
E
se não sabia
que
a curiosidade às vezes é mórbida.
O
forasteiro
como
não percebia a língua
do
génio vindo da garrafa,
e
em estando ébrio,
pegou
no atilho do sapato da figura mítica
e
amarrotou o pergaminho.
Fez
dele lixo do vário em cima do areal.