7.4.15

Estética assanhada

Um
(pode-se dizer?)
parolo desce à grande cidade.
Ofende a estética dos
(autoproclamados)
janotas.
Os janotas passeiam estultícia
mas não sabem.
Em sendo janotas
fingem que apedeutas não são.
Caçoam dos parolos que:
vestem andrajos
(mesmo sendo refulgentes paramentos)
metem decibéis na converseta com os iguais
amesendam com alarvidade ultrajando os costumes
e demoram em regressar às terrinhas.
Os janotas podiam não sair de casa
em jornada de costumeira visitação dos parolos.
Evitavam males maiores à sua elevada estética:
das catacumbas da “sabedoria popular”
(uma contradição de termos)
cunha-se um dizer sintomático
que manda ensinar aos incomodados
que o seu incómodo disputa mudança de lugar.
Os assanhados tutores de uma estética urbana,
fiéis depositários das normas visuais que não ultrajam,
podiam mostrar credenciais;
só para certificar autoridade tanta em que montam
no papel de juízes de uma estética abonada.
Incultos e frívolos
descontam para o ladário da boçalidade.
E nem dão conta
tão entretidos em fazer de conta que fazem de conta,
que um deles é agressão maior que mil falantes parolos.

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