29.9.24

Revelia

Teces as lágrimas

no mosto da maresia. 

As avenidas largas,

o idioma que atravessas

no musgo que se aviva nas pedras antigas. 

No rumorejo da manhã

arrematas a esquálida impressão da angústia:

não te demovem os fantasmas 

que à revelia se entontecem 

com as estrofes que saem da tua boca;

se pudesses 

calavas os indignos que cavalgam nas notícias

a única forma de censura admitida a concurso

para às pessoas legares 

o des-pesar da alma arqueada. 

Não dás ao sono uma capitulação. 

Se não puder ser pelos modos propostos

será com a mediação do fingimento. 

Nessa altura

todos saberão o segredo

do exílio sem mudar de pertences.

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