19.9.24

Pétalas dançantes

Despejo o fogo perdido no coldre puído. 

As entranhas sacodem as orações avulsas. 

Não foi em vão o destino à míngua de bússola. 

O amanhecer irradia os rostos adiados. 

Alguns fazem-se adidos das esculturas perenes:

se pudessem também eram perenes;

se soubessem, antes ficassem como são. 

Os arruamentos são como muralhas;

escondem dos corsários as incontinentes misérias. 

Escondem-se envergonhadas pelo que não são. 

Fogem dos dias alumínios que roçam as arestas. 

A carne viva cuida das cicatrizes 

no provável silêncio. 

Não são a matéria apodrecida que dança 

no avesso das ondas. 

Não são o ciciar espectral que denomina o medo. 

O xisto endurecido é a cama para a fala continua. 

A encomenda dos pesares não precisa de procurador. 

Destemidas as almas que voam no sonho dos dias 

no lugar onde o medo se extinguiu 

e o arnês ficou vago.

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