Rendição não rima com redenção.
Os garfos ciciam ao ouvido
a récita teimosa
um rosto coberto por uma nuvem
extasia-se com o encantamento do ocaso
e devolve
em ovações
o revolver espaçado que vomita munições
à medida que os rendidos se ajoelham
perante o futuro.
Aos peticionários da redenção
alguém acenda a gambiarra
e diz-lhes
com o rosto imperturbável dos algozes
que ali só se trata de rendições.
Então
desenganados
as almas cabisbaixas
ao corrente do espaço em breve finito
cambaleiam na antecâmara da morte
condenadas
os olhos cobertos por lágrimas de sangue
o tempo inteiro havido
cerrando as alcáçovas onde tudo se extingue.
Naquela noite
os algozes hão de saber
que é uma noite igual às demais
sem a espinha açambarcada pelo remorso
que a redenção falhada
ficou por conta dos que se renderam
e eles
a raça superior que esbraceja o poder
nunca serão apanhados
no delta da rendição.
Sem comentários:
Enviar um comentário