O
lenço amarrotado
reserva
as lágrimas evaporadas.
De
olhos postos aos céus
ensaia
um arrazoado sem sentido
promessas
solenes de metamorfose
recolhe
nas mãos o império dos ventos
deixa
para os tempos imemoriais
o
sal gasto.
Incessantes
as
gotas da chuva invadem a janela
e
a humidade toma conta dos ossos.
Junta
palavras ao acaso
num
papel tingido pela dissipação
sem
conseguir formar frases inteiras.
Maltrata
a folha rabiscada
vai
à janela inspecionar a chuva intempestiva
para
gáudio dos cães vadios.
Conta
histórias mentalmente
histórias ajuramentadas na poeira da desmemória
histórias empolgantes e falazes
ou as histórias mais difíceis de
congeminar
– as histórias benzidas pela lhaneza.
Já
não sabia onde eram os pontos cardeais
as
ameias do castelo
nem
se era noite ou dia
ou
se os sapatos estavam bem-postos
nem
se as vozes em surdina tinham eco.
Só
sabia
que
preces algumas
desatavam
o nó górdio
que
atava a noite.
Antes
fosse sardónico
barão
altivo num assertivo esgar
na
militância de um cinismo ímpar:
ao
menos
as
consumições não tinham alvorada
e
o entardecer aparecia de mão dada
com
a aurora a seguir.
Todavia
não
havia preces à venda
com
tal desiderato.