Chanceler de seu murado pesar
passava os dedos pela lousa
onde fora aprendente.
Desmentia-se
na urgência de resgatar
um pedaço da infância:
do rosto que seu era na meninice
não descobriu o paradeiro
ao deitar os olhos
aos retratos dos escolares de anos vários.
Não era proveito ter-se tornado lente
que outra é a sua audiência
já sem a inocência dos pueris
que litigavam em jogos artesãos no recreio.
Lente com lastro
menos entendia as juras sempre descumpridas
como se a maior sua diligência
fosse a contradição interior.
Ao menos
que ninguém o acusasse de não tentar.
Ao menos
não se entediava no fuso da letargia.
Na noite consecutiva
em sonho o rosto menino seu
coalesceu em revelação
e levantou-se como a erupção de um vulcão
o coração saltando para as mãos
por dar conta que
afinal
aquele era o rosto que lhe pertencera.
No dia seguinte
confidenciou:
a idade leva-nos tudo.
Até o rosto de que éramos meninos.