Aprendiam
a ser legionários
impecáveis tarefeiros da demência
sem rosto
(a demência
e deles, legionários,
que sobram como anónimos
nas fotografias)
– a “carne para canhão”,
como é dito pela voz do povo.
Aprendiam.
Com o beneplácito das cicatrizes
os membros amputados
o sono perdido a caminho do hospício
a lura de um cavalo lilás
cavalo a arrotear os rochedos
no cabo que se despenha sobre o mar.
Nunca acordavam do pesadelo
os legionários amestrados.
Nunca se desprendiam da liturgia:
um soldado
não é gente com direito de gente
é carne para canhão
o sangue oferecido num banquete elegíaco
onde os generais amesendam
e se servem dos ossos e sangue
em legado deixados
pelos legionários partidos
e ainda assim
decaem na impureza das almas menores.
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