18.6.05

As mãos

Nas mãos
o cordão umbilical da decência de ser.

Nas mãos
vultos que se eternizam,
sal que perfuma os gestos que somos.

As mãos
não deixam mentir:
pelas mãos
os gestos desnudam a alma.

E as mãos,
nós que apertam outras mãos,
acalorada sapiência da enrugada pele
envelhecida com o uso dos dias.

Sem as mãos,
decepadas criaturas
na diluição das marcas que identificam.

São as mãos
olhos de quem somos;
o mapa engelhado que descobre
as linhas que se tecem, por magia,
numa cartografia irrepetível.

As mãos,
oráculos.

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