19.3.15

Evangelho segundo o nome terceiro do diabo

Três colheres de fel
duas esponjas cheias de tabasco
uma esperança mal medida
(só para aplacar a ira).
Um cão raivoso a morder na perna
a perna mesmo ao lado do pântano
no pântano cheio de sanguessugas
como velhas carpideiras na portaria dos prédios.
Um bolo salgado
a acompanhar sumo de menta
a língua corroída pela acidez
da mesma acidez que perfuma os imbecis.
Juntem-se, agora,
seis colheres de fel
três olhos de boi
barbas de milho salgadas
presunto de búfalo
dados viciados
uns drogados em impudicícia
e umas algemas que escondem as proezas.
Mande-se o resto à sorte da fornicação
(caso se tenha a fornicação por coisa abjeta).
De outro modo
encomendem-se as almas transvestidas
ao vómito de si mesmas.
E haja deuses controversos,
deuses que ninguém siga,
para abençoar este altar ungido
por um unto que escorre das bocas pestilentas.
A aridez do forno caldeia pesares.
Haja serventia para os bestuntos de fatiota janota
sem outra que seja o passeio da sua agnosia.
Empreste-se-lhes palco.
Precisam da ostentação do brio mendaz.

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