10.8.15

A agulha e o palheiro

Fecha o livro
fecha a boca
(não tem serventia ficares boquiaberto).
Não adianta acenderes velas
nem as preces aos anjinhos.
Esquece as ajudas
de quem pudesse ser ajuda
atira as esperanças contra a rede apertada
deixa-te suar
que ao menos o suor evapora a ira.
Tens um palheiro sem fim
e uma agulha para encontrar.
Deitas fogo ao palheiro?
Não compensa o arresto
por não valiosa agulha.
Pode ser que antes
te cheguem os vapores da loucura.
E então
tomado pela demência
um cálculo sem cálculo te faça aterrar
no terreiro onde acama a agulha.
E depois
desidratado de tanto porfiar
perguntarás às perguntas
para que serve aquela agulha.

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