Já sabíamos
os mistérios da
alvorada.
Éramos armadores
dos seus segredos
enquanto a bruma
subia por cima
da copa das
árvores.
Já sabíamos
que as lágrimas
furtivas
não se embebiam
em fortuna.
Éramos
lugar-tenentes da sobriedade
e nem nas folhas
rasteiras víamos ardil.
Já sabíamos
a sapiência dos
mastros.
Éramos forcados
ambulantes nas hastes alheias
e no fim
levávamos o troféu.
Já sabíamos
que o mel e o
ouro são nossos.
Por mais que o
mar cicie o contrário
as mãos colhem
das algas a maresia inteira.
Já sabíamos
que os poros se
enchiam de luar.
Éramos
argonautas sedentos do neófito
em forma de
coroa de diamantes.
Já sabíamos
que o suor se
insinuava nos poros.
Éramos
ambidestros na decantação da cicuta
enquanto a lua
nova antecipava a luz inteira.
Já sabíamos
que os olhos se
enchiam em troca.
Éramos
timoneiros de todas as naus
em que olhos
doirados fossem embarcadiços.
Já sabíamos
das rosas com
espinhos abruptos
das uvas
amarelecidas e gastas
dos rios
desbragados, iracundos
dos espíritos
macilentos
das arcadas
desabitadas
(e daquelas
habitadas por inumana gente)
do restolho das
árvores
dos ocasos
dedilhados na fronteira da lucidez.
Já sabíamos
tudo isto e outro
tanto.
Éramos os
diligentes penhores das palavras
enquanto
cerzíamos a intensidade
por dentro de
nós.
Já sabíamos
que só podíamos
contar
com os frutos
que nascem das nossas mãos.
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