As veias em
ebulição.
Fervem no
contraste das facas depostas.
O sangue levita
em sucessivas
ondas convulsivas.
Depois vem o
suor
em cascadas
descendo a pele ruborizada.
A contemplação
das coisas
obnubilada pelas
persianas que descem
sobre o dia.
O aroma das
framboesas
repara os males
possíveis.
Refresca o olhar
que tergiversa:
enxagua o suor
decadente
mapeia as veias
frementes
até que o sangue
se sirva em arrefecimento.
Mas pode ser
efémero:
que a faca do
tempo resolve
num ardil
premeditado
desatar uma
tempestade sem agenda.
Fica tudo à
mercê do caos
e o sangue volta
a ferver
por dentro das
veias incendiadas
devolvendo o
suor ao corpo num frémito.
É sabido
as tempestades são
efémeras.
E por mais que
sejam duradouros
os seus efeitos
o corpo não
aguenta duradouramente
a combustão das
veias
que é nutriente
do sangue quente.
Cessa o suor.
Cessam os
sobressaltos
que amesquinham
o tempo presente.
Cessam os vagares
que aprisionam o
tempo.
O céu
desprende-se da cortina de sombras.
Resplandece
nas suas cores
vivazes
lembrando que
apenas importa o dia presente.
Resplandece
o céu admirável
perfumando o
tempo
com o aroma das framboesas.
Lá longe
o sangue quente
já é só
matéria do reino
das memórias.
É sabido
o efeito heurístico das tempestades.
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