Talvez
havendo juízo só em saldos
seja possível a lucidez sem arestas
um tempo amovível dissolvido entre as nuvens
o desembaraço que dispensa planos
o retrato inteiro de rostos escondidos uns
disfarçados outros
da vergonha empunhada em nome próprio
uma espécie de unidos estados outrora divorciados
o navegar em doca seca
e acreditar
com o cimento próprio das fés religiosas
que se foi tribuno de façanhas singulares.
E depois
com o entardecer
hastear os violinos estonteantes
mesmo os que têm cordas rombas
e partir como se fosse marinheiro
partir
com o travo doce de quem sai à aventura
sem mapa nas mãos nem corda sobre o tempo
apenas irremediavelmente náufrago
em lugares de que nem depois há existência.
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