Rasurei os olhos
no balcão largo
onde se convocam os oráculos.
Não tive tenência do encargo,
que os risíveis desmotivos da alma
são a peça poderosa
o fiel dos atritos não recomendáveis
sem marcação
no calendário das eventualidades
um esboço de matéria afogada
na lividez dos sentidos.
Por acaso
estava sentado
e não houve como saber
das pernas rombas
e ao escárnio disse o adeus próprio
da irrelevância.
Sei que a finitude
cuida do acerto de contas
e impeço que os escombros
sejam o espelho do rosto,
apesar do que possa dizer em seu desmentido.
Atribuo ao diadema dos lugares
o pensamento escorreito
cristalino
como se fosse o lagar
onde se rejeita a matéria impura.
Não combino com demónios
nem rimo com os ascetas da orfandade.
Prefiro o azulejo gasto
confiável
mesmo que o estuque da parede
aparente decadência.
Esse
é um estado que só me diz respeito
uma encruzilhada caiada
com a miragem
das não respostas permanentes
a lente vazia,
aberta à chuva benfeitora.
Estudo as possibilidades.
Estruturo o pensamento
na alvenaria das possibilidades
irrompo
nos interstícios da noite
e sigo o pulso cinzelado
na lombada das bocas famintas.
Se for precisa a minha assinatura
sabem onde me encontram.