Da nudez
retomo o alvor
a indiferença
o mel em rima
testamento pressentido
costura.
À nudez
devolvo o corpo
sem um dia faltar
e na nudez
não coabitam demónios.
Nudez em resguardo
a intimidade em segredo
as linhas desenhadas
na urgência do poder
esconderijo
santuário do desejo
o verosímil nome não datado.
Na nudez
nado
em águas revalidadas
faço a maré
sei-me nado
no avesso de modas
e da infecunda bandarilha
dos escanções do deslumbramento.
À nudez
o medo se em público
feitoria de pesadelos
e o recato do corpo
fronteira que é viveiro de limites
onde forasteiros não têm pátria.
Dou à nudez
os poros avivados
os versos lendários
uma guitarra aparatosa
o cais em espera
o vagar do tempo sem pressa
os mares todos recolhidos na mão
o torso arqueado sobre a alcateia
e o lenticular espelho das coisas disformes.
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