Não posso pegar
nas dores do mundo.
Não quero
que contaminem o meu regaço,
não lhes dou tutoria
no venal recobro das almas
sem paradeiro.
Não posso
saber dos transvases
que vociferam verbos irados
e das pálpebras deitadas ao vento.
Retomo a paciência
o tomo secular,
enciclopédico,
o dicionário que ensina a estima
o olhar selecionado
a palavra que não é destinada
a um lugar vão.
Não quero
ser constituído algoz de mim mesmo
e prefiro que o avesso da memória
se demore num lugar intemporal
onde as cores se confundam com palavras
e por eito
sejam verbos constantes
miragem dos ocasos sem lugar
a esplêndida estatura por onde se mede
a atalaia do festim que há
na semântica de um nome.
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