Os lábios sorvem as gotas de suor.
Extasiam-se, na languidez do acto.
Lá de cima
um solfejo ritmado incendeia o compasso.
Há na suave curvatura dos rins
a magia visual que destempera,
povoa o ensandecimento selvagem.
Pelas mãos, braço acima,
repousando no pescoço perfumado.
Às vezes o deleite emparelha-se
com a lentidão premonitória,
uma dança provocação alimenta o rubor.
Pelo meio,
beijos transpirados,
a vontade de selar o corpo que se desvela
a suprema vontade de a emproar imperatriz
do meu desejo.
É este acto animal:
poço de paixão.
Instantâneos irrepetíveis
campo vasto onde todas as rosas se avermelham
todos os ramos se erguem no viço imparável.
Um campo tão quente
altar onde se sagram os corpos entrelaçados
e vinga o desejo vibrante.
Sempre a redescoberta,
em mais um acto de poética luta dos corpos.
Realização pela entrega ao outro
pela entrega do outro.
Recíproca luz, ou não, não interessa:
apenas o império dos corpos
empossando o reinado da paixão
na exaltação carnal das veias que pulsam
à espera do jactante fim.
Por fim
o sossego no restolho da luta
que desarrumou os lençóis
fez tombar o candeeiro
empurrou os corpos para o tapete.
Onde jazem, vitoriosos,
por entre as despojos da batalha.
O olhar que se troca
sanciona o silêncio cúmplice:
os corpos foram senhores do seu desejo
sem espartilhos ou descaminhos
primeiro guiados pelo travo doce da pele
no grito tão alto do espontâneo sentir.
Os corpos, esses,
imperadores do canteiro carnal
onde
por momentos
os amantes se entregam
esquecendo-se
que o demais existe.
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