29.8.23

Aperfeiçoamento

Mandatado pela tatuagem que debitava vanidades

parei diante do estuário

o amplo parque de estacionamento de navios

e senti que as palavras queriam lava

os dotes avulsos subindo à boca de cena

antes que as omissões se tornassem olvido.

Era o chão fértil dos grandes escapistas,

tortuosa a espera pelo ontem havido,

enquanto no apeadeiro se falava um idioma caro.

O amurado cear não tinha o luar por companhia

mas não fazia mal:

há almas que substituem a angústia por centelhas

trazem em mão as suas próprias centelhas

e recusam a luz fabricada.

Depois de amanhã

voltaria ao lugar de anteontem.

Suspeito que os dias não combinam

e tudo se fará farta colheita nos bolsos revezados.

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