O corsário desmatado cobra os juros por junto
e o rosto remoça no orvalho ditoso
que aveluda a pele massacrada.
Os dedos agarram-se ao vento mendaz
não se importam que seja mendaz
desenham a geometria das curvas
como se de retas fosse a estrada.
Os impossíveis confundem-se com farsas
o fardamento circunstancial do dia vetusto
como se fossem andrajos condecorados
e as assíduas personagens puídas
em pose agonicamente importante
insultando o momento
com pose de superioridade
(ah! os procuradores da república).
Levanta-se a ira fermentada na lente baça
o areal enfastiado pelas marés rotineiras
o tempo, que parece imóvel,
uma sucessão de pesadelos hauridos
os roteiros excretados por figuras boçais
que lavram a sala pútrida com falas malsãs
e nós, intencionalmente indiferentes,
medramos por dentro do luar poético
uma biblioteca quimérica que cabe na alma
enquanto esperamos
que o sangue
destile os morgados que se insinuam
no espelho do futuro.
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