4.8.23

Perdão dos náufragos

O fogo desce ao céu

esfria a pele urdida nas fontes invernais

conspira 

a distração contracenada

com os espíritos benignos que ascendem,

vultos de si mesmos,

no improvável hastear de poemas incendiados. 

 

Combinam-se os rios modestos

com a intercessão da chuva antecipada

ao inverno: 

as águas sobem ao céu 

encomendadas ao ímpar murmúrio noturno:

não se esperem selas adestradas

nem vozes domesticadas;

espere-se um vulcão desamordaçado

infrene na insubmissão

colheita abastada do investimento pressentido

nas silhuetas vagas que se desenham

nas nuvens à margem.

 

O fogo retorna à nascente,

erupção virada do avesso. 

Do perdão 

não há xisto que o emoldure.

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