Falava-se
do porvir
aquele que ainda está por vir
o futuro
se não usarmos erudição gratuita
à falta de se poder dizer
“a deus pertence”
(o registo de interesses
agnóstico
impede o reconhecimento do estatuto
– e, dê por onde der,
deus
se existisse
dificilmente queria saber do futuro
porque
se existisse
por definição de omnipresença
já sabia do futuro
de trás para a frente.)
Daqui para diante
a começar
no minuto que começa
dentro de sessenta segundos
é por conta da incerteza
um buraco negro
onde tudo se pode arrematar
uma coisa e o seu contrário
ou antes pelo contrário
ou então aquele nada
tão grande, tão grande
que cabe na estatura de uma molécula.
Quanto ao demais
ou à conta da contingência da incerteza
é um bla-bla-blá
e o que mais se queira querer.
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