O gelo fosco entra pela porta
desliga a luz e averba o cansaço
e as pessoas hibernam
tossicam entre a lava do sono
procuram o musgo telúrico
o refúgio vindicado.
O frio congela as veias e o sangue.
Amanhecem
os fantasmas esquecidos
deitando à luz hesitante a moldura dos dias
como se não estivessem gastos
pelo peso do mundo
pelo peso insuportável
do peso herdado da História.
O telefone conspirou com o silêncio
num tempo que vai em prolongamento;
as faces indiferentes atapetam as ruas
e não há porta-voz que queira desafiar os vultos;
até ordem em contrário
rejeita-se
a mordaça higiénica.
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