Perguntam aos ossos matinais
se trazem com eles as pedras angulares
que decifram as veias do mundo.
Perguntam se as representações
se misturam com a métrica suspensa
entre dois lampejos da lua esquartejada.
Perguntam aos angariadores de almas
por que sortilégios se movem
para não conseguirem arrematar vivalma.
Perguntam às mulheres enlutadas
se não se lembraram de despojar o véu escuro
que freia o ar límpido.
Perguntaram aos loucos sem carteira
se não preferiam habitar
com os loucos encartados.
Perguntaram aos músicos distraídos
se eram apenas ociosos
ou se era travessia na praça da
desinspiração.
Perguntaram
se não havia folhas caducas para varrer
em vez da sofreguidão dos prazeres.
Perguntaram às mães
pela quimera do amor singular dos filhos
à espera de curarem orfandade precipitada.
Perguntaram
se as rodas perfeitas
saberiam vencer os estorvos sem espera.
E perguntaram às memórias
por que teimam
em inquietar o pensamento devolvido.
Perguntaram
e continuam a perguntar
pois perguntar é prova de vida
e perguntar não é critério imperativo
de respostas em fonte aberta.