Absorvo
a luz lenticular do relâmpago
em
duas levas que se sucedem
no
estertor da trovoada.
Reponho
os predicados da alma no lugar
não
vão os demónios tomar-me de assalto.
Já
não tenho medo.
Não
tenho medo da fuligem
que
açambarca a noite comprida.
Não
tenho medo das vozes ciciadas
nos
intervalos das páginas.
À
altura dos meus pesares
soerguem-se
velas retesadas
que
sulcam a névoa por diante.
As
valas são ermos sem serventia
deslugares
que não encontram mapa.
Continuo
sem medo
na
alvorada baça que tira estima ao dia.
Nem
os medos de antanho
os
que sonhos povoavam
ganham
lugar no deserto que ganhou.
Atiro-me
como cão esfaimado
às
deliciosas fontes do conhecimento
à
volúpia das artes
dos
lugares dantes não visitados
às
páginas em desassossego
à
matéria combustível que acende o tempo
à
perene mansidão do olhar.
Não
me importunam
as
fazendas inoportunas
as
águas impróprias
os
mapas obscurecidos.
Já
não tenho medo.
É
tão simples quanto isso.
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