Corria
a aurora para fora do tempo
e
as águas lúcidas esbracejavam
entre
as margens alcantiladas
e
os pêssegos ainda verdes
espreitando
nas ramagens.
Corriam
céleres pessoas
contra
o muro da manhã
mostrando
os olhos estremunhados
como
quem sussurra a canseira perene.
Corrias
desde a casa da partida
sem
saberes onde era a meta
sem
saberes a serventia da corrida.
Corriam
de braço dado
contra
a fúria dos elementos
em
coreografias lídimas
em
protesto contra obnóxios patriarcas.
Corria
a espuma das leituras
das
leituras ao acaso
concorrendo
para os acasos
que
esperavam lugar.
Corria
de peito aberto
três
passos a eito
a
eira derrotada na pele da perseverança
contra
a vergonha embainhada.
Corria
em furiosa demanda
aos
portos de abrigo
aos
postigos decadentes
às
fuças de beócios reincidentes
contra
as brumas da memória
contra
os esteios verticais e frágeis
contra
os demenciais cantos sombrios
às
mesas onde se apostavam contratempos.
Corria
o entardecer sem dar conta
e
dispensava os escândalos infatigáveis
o
lodo por todos os lados
a
verborreia insana dos gongóricos
os
apedeutas com aspiração a eruditos.
Ficava
com o entardecer
e
retinha dentro das mãos
o
sortilégio que vinha das suas margens.
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