13.12.16

Invasão

Espasmos fermentam
nos nós do cérebro
um carregamento de cultura desliza na tela
à medida que se imagina o poema em alemão.
As cruzes do vento vadio
invadem as esquinas ardilosas das ruas
estão de atalaia aos mastins
que se passeiam, disfarçados.
Colhem as sementes da noite
mendigos curvados ao frio epistolar
sem darem conta que há contas a acertar
no diadema guardado na pedra tumular.
Os ascetas cínicos fingem que cantam
fingem que sentem os fingimentos venais
sem olharem aos cordéis de antanho
sem se importarem com as marés levantadas.
Os rochedos proeminentes em forma imperatriz
levantam-se do chão turgido pelo nevoeiro
gritando em forma de vento
consumições evaporadas nas nuvens torrenciais.
Um murmúrio de algures
atravessado nas ruas claras
cristaliza os medos rombos
das furiosas damas recusadas.
E, depois do lauto manjar,
pitonisas e escandalosos servidores do reino
oferecem seus préstimos malsãos
à espera que a luz do dia não seja timorata.
Os maus modos servem-se em danças destiladas
com maus costumes invasores das boas almas
sem sobrar um vestígio de decência
nos alvores de nova decência desensinada.
Os lobos e as outras más bestas
levantam âncora e suplicam poupança
destes novos preparos que os afligem
no solene anúncio de um lugar reinventado.
Desaprovados os ardis em grosso compêndio
à tona apenas os genuínos sentires
redesenhando as bissetrizes de tudo
em identidade com a nova maré que se pôs.

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