12.12.16

Círculos concêntricos

Caminhava em círculos. 
Com o jornal 
como anteparo do braço direito
(não fossem escapulir as notícias do dia). 
Uma só nuvem tingindo o céu
e o sol desembaciado
enquanto a paisagem se fazia,
paisagem. 

Os círculos andados
não seriam andadura recomendada,
não fossem enquistados pelos passos meus. 

Num momento irrepreensível
(parecia uma epifania,
mas não podia
atenta a minha descrença)
uma centelha caiu dos céus
aterrando à frente dos meus sapatos. 
Abriu-se uma fenda medonha,
funda
exalando um cheiro pestífero. 
Certamente,
convite
para desimpedir os círculos demandados
na antecâmara de uma possível mensagem
subliminarmente deificada
(não fosse a impossibilidade
vertida pelas descrenças). 

Percebi tudo. 
Não podia continuar a caminhar em círculos. 
As ruminações
pertencem a bestas de outro jaez. 

Sem comentários: