O amanhecer não sitiado
uma convulsão estrepitosa
a razia da modorra.
Afeiçoa-se o corpo
afeiçoa-se o raciocínio
afeiçoa-se o verbo ao feixe depois
e escolho a pista oculta
para desenhar a lua vespertina.
Confere a cara com a coroa:
o lado lunar é o avesso de um avesso
e o desmodo das palavras atraiçoadas
emudece o sentido das palavras.
Talvez sejam farsantes;
talvez abjurem o lugar-comum
as paredes estreitas por onde correm;
talvez os modos se sopesem
contra as barcaças podres
as bocas desdentadas de pescadores idosos
ou os modos artificiais
dos indigentes da
(assim chamada)
“alta sociedade”.
Talvez seja altura
de abdicar de todos os talvez:
e, sem a timorata cautela,
estrear a não diplomática secura de termos
sem medo de não agradar
sem medo de digladiar motivos
sem medo de poder ser aprisionado
no templário dos párias.
Para depois
poder honrar a manhã
inaugurada com as honras devidas às manhãs
como a barricada onde se estiolam os meãos
e toma tamanho
o desassombro que desponta na alvorada.