Tenho o trunfo farto:
meia-dúzia de ameias
entrelaçadas no nevoeiro
onde se aninha o pensamento.
– E de onde te antevês
congeminas as palavras servis?
Falo ao ouvido da manhã
na insonora estafeta
que convida ao colóquio.
– Não te sobram braçadas
nas algas pueris no dorso das ondas?
Ouço o murmúrio da chuva miúda
nas costas da atenção
enquanto os gatos se escondem
em muralhas de sono.
– E não te é dado saber
dos capítulos sem páginas
da vetusta purificação na rima tardia?
Abraço o tempo teimoso
na mirífica varanda
que ampara o precipício.
– E se o vento atroz
conspirasse no pulcro entardecer
e fosse semente do caos?
Bordejo o rio seco
na angustiante paisagem estiada
sem a secura das interrogações
como passadeira inviável.
– E lutas com as mãos cheias
na aspiração da justiça sem medo?
Tenciono não jurar outra vez
nos meandros da memória bastarda
pela contemplação do tapete que me espera.
– E consegues sentir
a turbulência a fiar o sono
os remendos de alma dilacerante
numa lamentação infecunda?
Desato os penhores
na demissão dos embaraços
que se alinhavam no estertor à volta.
– E que razão fabricas
à razão das horas enfeitadas
com tão eloquente destrunfo?
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