14.7.18

O pior pensador da cidade

Estreita os garfos vencidos
sobre a toalha contumaz:
dizem que o pior pensador da cidade
não se cansa da vaidade. 

No púlpito deserto
sobram os abutres famintos
no limiar da falésia
onde esperam o cortejo de presas fáceis. 

À míngua de água
arrastam seus corpos exangues,
as presas fáceis,
aturdidas pelo sol açambarcador. 

O vulto do pior pensador da cidade
não capitula;
é como nos piores pesadelos
(ou na lei de Murphy,
já não se sabe ao certo):
o disfarce do deserto
e de seus porta-vozes diletos
(os abutres pacientes)
aparece na forma do pior pensador da cidade 
– como se fosse 
a nódoa 
que nenhum elixir sabe dissolver.

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