4.7.18

Morte

Não sei nada da morte. 
A não ser o medo. 
Sinto-me acossado pela morte 
através da morte 
de que me chega notícia. 
A morte dos outros, 
a morte que também me assusta, 
devia ser uma lição. 
Uma lição de vida. 
Para dissipar o significado do tempo 
e assim tê-lo na mão. 
Sabendo que o dia nascente 
é o que está à mão de semear. 
Sem importar
se vem o dia depois. 
Sem importar
se é breve a vida. 
Pois se ela for tutelada 
pela imaterialidade do tempo, 
não se mede pela quantidade. 
A morte devia ser uma lição de vida. 
Para dela sabermos fazer um festim. 
E através da vida, 
esconjurar a morte.

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